A teoria de Dow é uma das principais bases da análise gráfica. A teoria é composta por seis princípios básicos que estudaremos a seguir.
Princípio 1: Os Índices Descontam Tudo
Os índices representam a ação conjunta de inúmeros investidores, desde os mais bem informados (que contam com as melhores informações e previsões) até os muito inexperientes. As variações diárias dos preços de um índice, portanto, já têm incluídas (descontadas) no seu valor os eventos que irão acontecer e que são desconhecidos pela maioria dos investidores.
Dessa forma, todo o fator que afeta a relação de oferta/demanda está refletida no preço do mercado. Entretanto, existem os eventos que são imprevisíveis, como calamidades naturais, catástrofes como os atentados nas torres americanas, por exemplo. Esses são os chamados atos divinos, quando acontecem podem gerar fortes oscilações iniciais, mas acabam sendo absorvidos pelo mercado.
Em resumo:
- Todo o fator que afeta a oferta x demanda está refletido no índice.
- O Índice já possui em seu valor (já descontou) eventos futuros que a imensa maioria não conhece.
- Acontecimentos completamente inesperados são rapidamente avaliados e seus possíveis efeitos absorvidos.
Princípio 2: As Três Tendências do Mercado
O segundo princípio de Dow, afirma que o mercado possui três tendências de movimento: primária, secundária e terciária.
A tendência primária é a tendência principal de um mercado. É um movimento longo que pode ser de alta ou de baixa e que leva a uma grande valorização ou desvalorização dos ativos. Não existem regras matemáticas exatas para definir o tempo de duração das tendências, entretanto, as tendências primárias duram aproximadamente de 1 a 2 anos.
Na figura abaixo, as linhas verticais estão fazendo uma separação entre três tendências primárias no índice Bovespa.
Uma tendência primária não se movimenta em linha reta. Ao observarmos o mercado (como no gráfico acima) percebermos que o movimento acontece como um zig zag. Em um mercado de alta, após um impulso para cima que forma um novo topo (mais alto que o anterior), temos uma correção que forma um novo fundo (também mais alto que o fundo anterior). Em uma tendência de baixa o oposto acontece, após uma queda que forma um fundo mais baixo, acontece uma reação que cria um topo mais baixo. O conjunto desses impulsos e correções dentro de uma tendência primária são as chamadas tendências secundárias. Uma tendência secundária dura de 3 semanas a alguns meses e pode corrigir até dois terços da tendência primária que ela faz parte.
As tendências terciárias fazem parte das secundárias. São movimentos menores de, em média, até 3 semanas. Elas se comportam em relação às tendências secundárias da mesma maneira que as secundárias em relação às primárias.
Quando estamos analisando o mercado é interessante classificar as tendências do movimento atual, assim, podemos avaliar melhor as ações a serem tomadas dentro de nossa estratégia operacional.
Princípio 3: As Três Fases dos Movimentos
Dow fez uma série de observações sobre os movimentos de preços, tanto de alta como de baixa, caracterizando aspectos psicológicos marcantes de cada fase:
Fases do Mercado de Alta
- Fase 1: No início da alta o mercado começa a ser propulsionado por investidores mais qualificados, que percebem logo que novos ventos estão soprando. Enquanto isso, a maioria ainda acredita que o pior ainda está por vir, o que permite aos investidores de elite comprarem papéis muito baratos. As notícias apresentadas pela mídia refletem as expectativas negativas da maioria.
- Fase 2: A segunda parte é uma aceleração mais acentuada do movimento. A pressão compradora aumenta bastante.
- Fase 3: A terceira fase é marcada por grandes altas. Os participantes do mercado, de maneira geral, estão cada vez mais seguros de seus lucros e os investidores mais bem preparados começam a vender suas posições. A grande massa de investidores está em clima de euforia que se realimenta diariamente nos noticiários. Está aberta a possibilidade para a fase 1 do mercado de baixa.
Fases do Mercado de Baixa
- Fase 1: Nesta fase os profissionais e investidores de elite vendem seus ativos, iniciando a retração.
- Fase 2: É uma etapa marcada por um grande nervosismo, os investidores percebem o equívoco e tentam se desfazer de suas posições.
- Fase 3: Com as grandes perdas e ativos muito desvalorizados a pressão vendedora se dissipa, oportunidades para uma nova alta começam a surgir.
Princípio 4: O Princípio da Confirmação
O princípio da confirmação afirma que para uma reversão de tendência ou rompimento de nível de suporte/resistência (suportes e resistências serão melhor explicados nos capítulos seguintes) ser válido, o fato deve ocorrer em dois índices de composições distintas. Assim, um índice confirma o outro, demonstrando que não se trata de uma oscilação temporária do movimento.
Para ilustrar o princípio da confirmação suponha dois índices (A e B) de composições diferentes, mas que se comportam de maneira semelhante. O índice A, durante uma alta, vence a zona de pressão vendedora (a linha de resistência) e parece seguir com força em sua tendência. O índice B, entretanto, ao chegar pela primeira vez na linha de resistência não consegue o rompimento da mesma forma que A. Um investidor que analisa o mercado apenas a partir do ponto de vista do índice A pode concluir que existem boas oportunidade de compra logo após o rompimento. Contudo, o que acontece é uma retração, pois o mercado não estava tão forte como demonstrou a falha de rompimento por parte de B.
Essa é a essência do princípio da confirmação. Dois índices são usados para que um pronuncie uma segunda opinião sobre o outro, de modo a validar o que está acontecendo ou indicar uma armadilha. No caso brasileiro, esses dois índices poderiam ser, por exemplo, o índice Bovespa e o IBRX.
Princípio 5: Volume Deve Confirmar a Tendência
Este princípio é bastante simples, na teoria de Dow o volume está relacionado com as tendências da seguinte maneira:
Tendência de Alta: Em uma tendência principal de alta é esperado que o volume aumente com a valorização dos ativos e diminua nas reações de desvalorização.
Tendência de Baixa: Em uma tendência principal de baixa é esperado que o volume aumente com a desvalorização dos ativos e diminua nas reações de valorização.
Princípio 6: A Tendência Continua Até Surgir um Sinal Definitivo de que Houve Reversão
Embora pareça óbvio, este princípio é importante. O mercado não vai cair apenas porque atingiu um nível alto demais ou subir porque já caiu demais. Uma das técnicas mais simples utilizadas é a identificação de falhas ao formar um topo mais alto (em uma tendência de alta) ou um fundo mais baixo (em uma tendência de baixa). O investidor deve possuir uma metodologia de identificação de pontos de entrada e saída, existem uma série de ferramentas de análise técnica que ajudam nessas decisões. Neste e em outros tutoriais e artigos você aprenderá sobre padrões clássicos, candles, indicadores e muitas outras armas da escola gráfica.
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